É preciso cuidar de quem cuida!

 Essa frase pode até parecer clichê, e talvez por isso, que nem sempre se dá tanta importância ao seu conteúdo.

No dias 16-19 de junho, na Diocese de Três Lagoas MS, a Pastoral Carcerária Regional, reunida em assembleia eletiva, aproveitou do grande momento para aprofundar essa realidade, que longe de ser um simples chavão motivador, se fez base para que refletindo sobre cada artigo do Regimento Interno, as palavras tomassem formas de sentimentos, de dor, de compaixão e de amor pelo outro, mas de maneira mais concreta se fizessem carne na própria carne daquelas pessoas, que passando por cima de tudo, que pode beirar a preconceito e discriminação, fazem das suas vidas uma missão a serviço de irmãos e irmãs, que pelas circunstâncias da vida, se encontram privados de liberdade de ir e vir.

A Igreja, por meio da Pastoral Carcerária, em seu estilo próprio, o sinodal, se faz samaritana, e vai pelos corredores dos presídios do Mato Grosso do Sul, acolhendo cada irmão e cada irmã caídos, não raros esmagados pelo peso não só de suas penas, mas principalmente pelo sistema prisional, que não os considera humanos e por isso mesmo não os trata como tais.

A pessoa agente da Pastoral Carcerária, carrega consigo e em si, não somente suas dificuldades e fraquezas, mas muitas vezes, acabam absorvendo aquelas dos encarcerados e é aqui que entra a missão da Pastoral, para servir mais e melhor os nossos irmãos aprisionados, é preciso ter cuidados com aqueles irmãos e irmãs, que escolheram viver seu batismo de acordo com as bem-aventuranças. A Pastoral Carcerária cuida daquelas ovelhas, que não são do redil do Senhor, que frequentam os templos e são bons “cristãos” na comunidade. Sua missão é junto às ovelhas confinadas em redis hostis, lutam na esperança de sobreviverem a tudo o que lhes pode pesar sobre a vida, os milhares de encarcerados do Brasil. Para a Pastoral Carcerária as ovelhas deste redil não têm marcas ou rótulos, são apenas ovelhas e por isso precisam ser pastoreadas com a mesma ternura do Bom Pastor, que não lhes ameaça, mas pelo contrário, as carrega no ombro e as conduz a um lugar mais seguro, cura-as e as leva para junto das demais.

A assembleia foi eletiva e o clima que se criou foi de muita fraternidade. Com a presença de cinco das sete dioceses do Regional, a espiritualidade e a acolhida deram os rumos de todas as atividades. Essa Assembleia também foi história, porque pela primeira vez, estiveram presentes dois Bispos do Regional, Dom Henrique, o referencial e Dom Luiz, o Bispo anfitrião, que acolheu a todos com muito carinho. A presença das dioceses com grande número de agentes da Pastoral, traz de volta uma grande esperança, aos poucos, estamos descobrindo como é bom estarmos do lado dos mais vulneráveis e concluímos que templos cheios de cantos, movimentos e lágrimas, mas vazios de amor e compaixão pelo outro, não passam de ecos surdos, que só têm volumes, mas por ser desprovidos de vida que vibra, em pouco tempo se esvaziam.

Diác. Zé Carlos, Eleusa, Dom Henrique, Rosilda

No processo eletivo, em pouco tempo, os representantes diocesanos, elegeram seus novos coordenadores, que conforme o Regimento, terão de junto com as dioceses e as demais pastorais, dinamizarem as ações da Pastoral de forma, que no caminho sinodal, ninguém fique de fora desta caminhada, que a cada dia faz de nossa Igreja, uma Igreja samaritana continuamente em saída para as periferias existenciais e sociais, em busca de qualquer ovelha que se tresmalhe. E nesse processo eclesial não importam os motivos que a levou para longe, ela sempre será procurada por todos aqueles, que carregam no seu peito de batizado, um verdadeiro coração do Bom Pastor.

Para nos alertar disso a Assembleia elegeu Eleusa Tavares, Diocese de Jardim, Coordenadora do Regional Oeste1, Diácono José Carlos, Diocese de Dourados, Vice Coordenador e Rosilda Ribeiro, Diocese de Três Lagoas, Coordenadora para Questão da Mulher Encarcerada.

O caminho é esse, é hora de a gente avançar com cuidado para não deixarmos nenhuma irmã e nenhum irmão para trás.