O Dia D do Grito dos Excluídos ecoa no Regional Oeste 1 na Voz da Juventude
O Grito das(os) Excluídas(os) é mais que um movimento, é a expressão da fidelidade ao Batismo em Jesus Cristo.

O Grito das(os) Excluídas(os) é mais que um movimento, é a expressão da fidelidade ao Batismo em Jesus Cristo. Há 26 anos os organismos iniciaram ao redor do dia 7 de setembro para manifestar a existência de vozes caladas pela opressão de sistemas sociais, políticos e decretadores de morte. Eram vozes de crianças, mulheres, negros, empobrecidos, esquecidas e esquecidos depositados às margens do Brasil que no dia de lembrança da Independência tinha de denunciar o aprisionamento a tantas dores e limites para muitos.
Ao longo desses anos o momento conhecido como O Grito foi solidificando a atuação das Pastorais Sociais da Igreja Católica e de outros organismos, que mesmo sem a vivência da mesma fé ou até sob ausência dela em termos explícitos, se uniram para defesa da Vida de todas as pessoas.
Nesse ano, devido ao caos social que vivemos, gerado pela Pandemia do Covid-19, as vozes não podem permanecer caladas e o Regional Oeste 1 da CNBB por meio da articulação da Comissão Regional Justiça e Paz (CRJP-MS), liderou a expressão desse grito com a deflagração do Dia D do Grito dos(as) Excluídos(as).
No programa serão três grandes momentos de culminância, o primeiro aconteceu no dia 07 de julho, último. Em defesa da saúde, em particular do SUS, mas sob o comando da voz potente de nossas jovens e dos jovens é que reunimos numa transmissão ao vivo pelo facebook da CRJP-MS, a jovem quilombola Elis Regina Gonçalves (1° Diretora de Combate ao Racismo na UNE – União Nacional dos Estudantes), Thainá Regina Caetano (Assessora de Comunicação do MST, Assentamento Che Guevara, Sidrolândia), o Coordenador Nacional do Grito, Jardel Neves Lopes além do Secretário Executivo da CRPJ-MS, Edivaldo Bispo Cardoso com o apoio do professor Thiago Godoy, da PASCOM de Corumbá MS. Também foi convidado o jovem e liderança indígena Janio Kaiowa, que por dificuldade de conexão da internet não conseguiu se apresentar, mas teve a representação da irmã Joana Aparecida Ortiz.

As ricas experiências e partilhas nos ajudaram a ver como ainda há necessidade de um olhar cuidadoso com a vida de nossa juventude, que no campo, sob as relações étnicas e culturais e com a diversidade de experiências, ainda passam por desafios, como partilhou Elis Regina ao apresentar alguns dos percalços de ser mulher negra diante da cultura patriarcal predominante no senso comum. A provocação da jovem líder Thainá Caetano desafia a lógica de audição de nossa sociedade, que prioriza os anseios juvenis presente nos centros urbanos, mas que não desenvolvem educação, lazer e integração para a juventude campesina. E sobre a lógica de apresentação dos desafios, a irmã Joana, trouxe o destaque testemunhado nas palavras do Jânio Kaiwoa, que enfrenta a dificuldade de ser ouvido num sistema educacional, de modo particular na Universidade, que não se interessa e não compreende a realidade indígena e muito menos se abre ao diálogo de aprendizagem.
Diante das expressões temos a certeza do distanciamento que ainda nos separam de uma sociedade que se paute e constitua diante da promessa de “Terra sem Males” que é o objetivo do amor que o verbo encarnado manifestou na identidade do Reino de Deus.
O desafio para nossa sociedade ainda perdura, em especial, na realização de mais justiça e “auscultação” profunda e necessária para o bem de todas as pessoas.
A continuidade do dia D do Grito terá o dia 7 de agosto outro marco antes do dia 7 de setembro. Que a vida continue sendo prioridade para todas e todos, que esse grito encontre acolhida e se transforme em prece ou sussurro acalentador do Espírito que nos move a ter a Vida em Primeiro lugar!
Por Thiago Godoy – Past. Social de Corumbá