PROGRESSO SIM, MAS A VIDA VEM PRIMEIRO.

Antigamente quando se falava que o progresso estava chegando, ainda se passariam décadas para que pudesse contemplá-lo em seu auge. Hoje, quando se anuncia o progresso, ele praticamente já está à porta e entra sem pedir licença. O nosso Regional Oeste 1, está vivendo essa realidade com o advento da Rota Bioceânica, que custará R$ 60 milhões ao Brasil e deve ser aberta até 2021. Esse mega projeto prevê a construção de uma ponte que ligará Porto Murtinho, a 431 quilômetros de Campo Grande, ao Paraguai. A estrutura será o ponto de partida da Rota Bioceânica, que implantará uma via de acesso terrestre aos portos chilenos, passando também pela Argentina, e que deve ser aberta em até cinco anos.

Na  cidade de Porto Murtinho hoje, existem gigantescos canteiros de obras para viabilizar esse empreendimento. Nesta  fase inicial são três portos, mais um que já está em ação, um grande estacionamento com a capacidade de abrigar 460 caminhões nesta primeira fase, e numa segunda, um outro espaço de estacionamento com a capacidade para estacionar 400 caminhões.

O progresso chega trazendo benesses, mas carrega também consigo impactos de envergaduras gigantescas.

Entre os dias 25 e 26 de novembro, a Igreja Católica (CNBB) do Mato Grosso do Sul preocupada com esta realidade, realizou uma visita de escuta e diálogo para uma melhor compreensão de tudo o que está acontecendo ali em Porto Murtinho. Na visita estavam presentes três bispos da Região, Dom João Gilberto de Moura, Bispo da Diocese de Jardim, que será aquela mais atingida de todas formas, Dom Henrique Aparecido de Lima, Bispo de Dourados e Dom João Aparecido Bergamasco, Bispo de Corumbá, Ir. Silvio da Silva Secretário Executivo do Regional Oeste 1, a Ir. Rosane Rosa e o Pe. Marco Antônio Ribeiro, ambos articuladores da Pastoral do Migrante e das Pastorais Sociais.

Além de visualizar a realidade, a Comitiva também se reuniu com o Prefeito Sr  Derlei Delevatti, que apresentou numa visão muito ampla, o que é o projeto e como este influenciará em todo seu Município. Segundo o Prefeito esse progresso traz grandes benefícios para o município, como empregos, mas acarretará muitos distúrbios, dada falta de estrutura física, social e emocional da população e do ambiente.

Na noite do dia 25, o encontro se deu na sede da Igreja Católica, Paroquia Sagrado Coração de Jesus. Graças a mobilização do Pe. Matheus Ferreira, recém chegado naquela comunidade católica, houve um grande fluxo de pessoas para participarem do diálogo.  Num clima mesmo de diálogo, motivado pela Ir. Rosane, os fiéis, se expressaram sobre o que pensam e sentem em relação à Rota Bioceânica. Realmente é um sonho, estar ligados do Oceano Pacífico ao Oceano Atlântico, mas um dos questionamentos mais fortes, que surgiram, é porque não se escutou a população. No final sempre quem sai mais prejudicado são as pessoas mais simples, os mais fragilizados.

Uma outra questão, são os impactos sociais, que esta avalanche de indústrias e pessoas que chegam vai causar no tecido social da cidade, que em pouco tempo verá suas características culturais serem totalmente transformadas, sem o menor tempo de se adaptar à nova visão de vida e de mundo.

A população não nega a necessidade do progresso, mas entende também, que progresso precisar realizar um casamento com o bem-estar das pessoas, por isso as empresas, que ali se instalaram, têm o dever moral de respeitarem a História do Povo, suas culturas e tradições; e ao mesmo tempo investir pesado na formação da população, principalmente na especialização de trabalhadores e das juventudes.

A Comissão, principalmente os Bispo, se prontificaram a ajudar o Pe. Matheus e a sua Comunidade paroquial a acolherem essa realidade, na qual já estão vivendo inseridos, de modos, que não se sintam sozinhos, mas possam contar com apoio total do Regional.