Bispo de Dourados anima os Católicos de sua Diocese para uma vivência ativa da CFE 2021

Negar o compromisso social da Igreja é uma ideologia que se caracteriza por uma fé desencarnada, desconectada da vida e do Evangelho.

Dom Henrique Aparecido de Lima, Bispo Diocesano de Dourados, na quarta-feira (10) enviou aos Cristão Católicos da sua Diocese, uma carta, na qual anima-os para que vivam de maneira ativa e proativa a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021.

Leia na íntegra!

CARTA DE ANIMAÇÃO SOBRE A ABERTURA DA  CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2021

Caríssimos sacerdotes, religiosos, religiosas, todas as lideranças e fiéis da Diocese de Dourados saudações em Cristo Jesus!

Na Celebração Eucarística da Quarta-Feira de Cinzas que acontecerá no dia 17 de fevereiro seremos introduzidos no tempo da Quaresma, tempo de preparação “pelo qual se sobe ao monte santo da Páscoa” que nos prepara para vivermos o mistério da paixão-morte e ressurreição de Jesus Cristo. “Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto”. Somos chamados nesta caminhada espiritual a purificar, “rasgar o coração” e voltar para o Senhor, através da oração, do jejum e da caridade.

Neste tempo quaresmal a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 traz como tema: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. E o lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14ª). Essa é a quinta campanha da fraternidade ecumênica desde o ano 2000. A proposta da realização da CFE tem as suas raízes no Concílio Vaticano II e na carta encíclica Ut Unum Sint (Sobre o Empenho Ecumênico) do Papa João Paulo II. Com o Decreto Unitatis Redintegratio (Sobre o Ecumenismo), o Concílio, apresenta princípios católicos do ecumenismo e considera que “em muitas partes do mundo, mediante o sopro da graça do Espírito Santo, empreendem-se, pela oração, pela palavra e pela ação, muitas tentativas de aproximação daquela plenitude de unidade que Jesus Cristo quis. Este Concílio exorta todos os fiéis a que reconhecendo os sinais dos tempos, solicitamente participem do trabalho ecumênico” (UR, n.4). É fundamental ressaltar que “não há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior” (UR, n.7).

Diante das polêmicas antiecumênicas suscitadas pelas redes sociais percebe-se o valor profético da CFE-2021 quando traz o seguinte tema: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. Em tempos de polarizações precisamos nos abrir ao diálogo para construirmos uma cultura da fraternidade. A fé cristã não pode ser indiferente aos diversos problemas que atingem as nossas famílias. A primeira parte do documento realiza um diagnóstico da conjuntura atual apresentando a violência presente na sociedade brasileira que fere a dignidade da pessoa humana em diversos contextos.  Esse olhar para a realidade é necessário para iluminar com a Palavra de Deus e propor ações que visam a unidade e a cultura do diálogo baseado na verdade e na caridade. O texto base preparado pelo CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs), por mais que há a possibilidade de criticar com serenidade e responsabilidade o texto devemos cuidar para não perdermos a centralidade da CFE: construir pontes e não muros; construir unidade e não divisão.

Dado que uma “fé sem obras é uma fé morta” (Tg 2,17) precisamos reafirmar a dimensão social da fé cristã que possui a sua raiz no “Verbo que se fez carne e habitou entre nós”. Negar o compromisso social da Igreja é uma ideologia que se caracteriza por uma fé desencarnada, desconectada da vida e do Evangelho, como bem nos exorta o papa Francisco na Exortação Apostólica Gaudete et Exultate (Sobre a Santidade no mundo atual). Em nossa caminhada diocesana queremos continuar reafirmando o nosso compromisso com a fé e a sua dimensão sócio transformadora, como já fazemos há muitos anos e hoje com treze pastorais sociais instituídas e reconhecer a importância e o valor da Campanha da Fraternidade enquanto uma iniciativa legítima que nos impele à conversão pessoal, eclesial, social e ecumênica.

Por fim, iluminados pelos dons do Espírito Santo, sejamos promotores da paz e da unidade e não nos esqueçamos da carne sofredora de Cristo presente em tantos irmãos e irmãs vítimas da violência, da exclusão e da intolerância social e às vezes religiosa.

Dourados, 10 de Fevereiro de 2021

Dom Henrique Aparecido de Lima, CSsR

Bispo Diocesano de Dourados-MS!