Sete anos de ternura, misericórdia e proximidade.

“Lembre-se dos Pobres”

“Lembre-se dos Pobres”, a frase que sugeriu o nome Francisco para Mario Jorge Bergoglio, que até aquele dia 13 de março de 2013, era apenas o Cardeal de Buenos Aires, quando seus pares reunidos em conclave, viram nele, algo que até então fosse privilégio só do Povo Argentino, mas que precisava ser espalhado pelo mundo, pela Igreja toda: ternura, misericórdia e proximidade.

Não foi para mídia, ou para conquistar a simpatia do mundo, que Francisco, o primeiro na história dos papas, na sua primeira aparição se curvou diante da Praça de São Pedro e pediu, que a multidão que ainda não o conhecia, lhe abençoasse. Francisco sabia, que o Povo, que lhe fora confiado, é um Povo em busca de um Deus, que se aproxima, que se mistura e acolhe, principalmente os mais simples e esquecidos.

Quando Dom Claudio Humes, o alertou para que não se esquecesse dos pobres, praticamente indicou o rumo do seu pontificado, que já dura sete fecundos anos. A Igreja, com a presença carismática, terna e ao mesmo tempo segura de Francisco, abriu veredas, trilhas e estradas nas mais enclausuradas realidades eclesiais e sociais. Em sete anos, três sínodos que mexeram e abalaram as estruturas carcomidas de uma pastoral de conservação: Sínodo da Família, de onde nasceu a exuberante e misericordiosa Exortação Apostólica, Amoris Laetitiae (alegria do amor); Sínodo da Juventude, onde o Papa quis escutar os jovens de norte a sul do mundo, sentir e perceber seus anseios, suas dores, seus desejos de amar de verdade, e daí surge então um Poema à Vida; com doçura, paternidade e coração grande, Francisco oferece às juventudes do mundo, a maravilhosa, juvenil e acolhedora Christus Vivit (Cristo Vive); e mais recente, Francisco convoca o mundo a olhar com os olhos da sua Laudato Si, para a Amazônia. Ouvindo os gritos que vêm dos Povos que habitam a Amazônia, Francisco provocou a Igreja e o mundo, para que realizem quatro grandes sonhos: o sonho social: a Igreja ao lado dos oprimidos; o sonho cultural: cuidar do poliedro amazônico; o sonho ecológico: unir cuidado com o meio ambiente e cuidado com as pessoas; e, por fim, o sonho eclesial: desenvolver uma Igreja com rosto amazônico. Esses sonhos estão na linda homenagem, que Francisco faz aos Povos que habitam as florestas em sua expressão de ternura máxima, na sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Querida Amazônia.

O Papa, que veio do fim do mundo, segundo ele mesmo disse no dia da sua eleição, se tornou Bispo de Roma e Vigário de Cristo e se manteve nas sendas daquele, a quem o homenageou com a escolha de seu nome, Francisco de Assis. Ao longo destes sete anos, muita gente se sentiu bastante incomodada com a postura e a firmeza de Francisco. Muita gente não gosta dos seus sermões, que quase diariamente ele profere nas celebrações na Casa de Santa Marta, habitação, escolhida, porque gosta de estar no meio de gente. As surpresas que Francisco faz aos mais simples repercutem fortemente no mundo. De um lado, uma maioria que o aplaude e o considera um verdadeiro profeta, que veio para sacudir as bases dormentes da Igreja para colocá-la em saída, a caminho; mas por outro lado, temos aquela minoria que se sente altamente incomodada, porque os gestos de Francisco, lhes desinstalam, apontam o aburguesamento  de alguns, e principalmente, atacam sem piedade o famigerado e exacerbado clericalismo, que infelizmente, ainda carcome a Igreja, como se fosse um câncer.

Os sete anos de Francisco, está sendo um dos períodos mais produtivos da Igreja, aos poucos, mesmo aqueles, que resistem seu modo de governar a Igreja, se dão conta, que a eleição de um Latino Americano para o governo geral da Igreja, não foi um jogo de compadrio, mas sim, uma ação do Espirito Santo, que assim como com São João XXIII, espalancou as janelas da Igreja e lhe deu uma boa lufada de novos ventos, o Concílio Vaticano II, com Francisco, com o seu modo de amar e pastorear, o mesmo Espírito faz a Igreja se rever por dentro e por-se em caminho, como sempre fizeram aqueles, que decidiram seguir Jesus, e se tornaram discípulos missionários ao longo de toda a nossa história de cristãos.

Hoje é dia de festa. É dia de louvar a Deus pela vida de Francisco. É dia de agradecer a sua paterna-materna e terna acolhida de todos aqueles, que se acercam dele. É o momento comemorar a volta da profecia no meio de nós. Inspirados nas atitudes, ensinamentos de Francisco, muitos cristãos: leigos, religiosos e ordenados (bispos e padres) estão repensando sua opção pelo seguimento de Cristo e estão se dando conta, que o Cristo se manifesta nos mais pequeninos e vulneráveis, aqueles, que não têm outra proteção, senão a de Deus por meio dos servidores da Igreja.

Parabéns Papa Francisco, e que venham muitos outros anos.