CIMI LANÇA RELATÓRIO DA VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDIGENAS

“Dói demais ver um pedaço da gente ser arrancado”.

Essa frase ecoou pela sala de reuniões da Sede da CNBB, Regional Oeste 1, no dia 11 de dezembro de 2017, quando do lançamento do relatório da violência contra os Povos Indígenas no Brasil, onde 50% dos casos citados aconteceram no Mato Grosso do Sul. A frase acima é de Clara, Mulher Indígena do Povo Guarani Kaiowa, que trouxe para o evento a dor do seu Povo e de todos os Povos Indígenas, que sistematicamente são violentados em seus direitos mais sagrados, Direito à Vida e à Terra.

No evento, entre outros, estavam presentes, o Presidente Regional da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, Representantes do Ministério Público, dos Organismos que lutam pelas causas sociais como a Comissão da Pastoral da Terra, a Comissão dos Direitos Humanos, Associação dos Magistrados Católicos, o Representante da Igreja Anglicana em Campo Grande, o Deputado Pedro Kemp e muitos outros convidados.

Há um dito popular, que diz “quem cala consente” e este literalmente denuncia, àqueles que se dizem neutros, porque não existe neutralidade, existem medo, covardia e comodismo, mas neutro ninguém é. Quando, o apresentador do relatório, Matias, um não indígena inundou sua fala com as lágrimas, ao fazer memória aos recentes assassinatos nas aldeias do nosso Regional, ficou bem claro, que somos uma sociedade perversa, que aceita a morte de pessoas, inclusive, de crianças e de idosos, com a justificação de que são “invasores”.  Na verdade, os Povos Indígenas não lutam pela demarcação, mas pela devolução daquilo que lhes foi tirado, suas Terras Ancestrais. O que é mais incrível para não dizer bestial, é que pessoas, que se dizem tementes a Deus, estão de acordo, que ao invés de se fazer justiça, se mate os indígenas taxando-os de intransigentes.

A História certamente não será nem um pouco risonha para com quem se arvora no direito de dispor de vidas humanas, subjugando-as ao vil serviço do lucro. É urgente uma conversão dos corações, caso isso não ocorra, teremos nossas Igrejas cheias de pessoas, mas vazia de dignidade, justiça e fraternidade. Nos domingos comeremos o Corpo e bebemos o Sangue de Cristo e de segunda a sábado mataremos o Corpo e derramaremos o Sangue de Índios.

Outra coisa, só para constar, não mata só quem dispara uma arma, mas também, quem silencia ou abafa o disparo. Ambas as mãos se mancham de sangue.